1922. Guiomar Novaes toca na Semana
de Arte Moderna
Em
1922, faz um recital na Semana da Arte Moderna, tocando "A Dança
dos Gnomos", de Lizt, para um público que se espremia num
teatro repleto de amantes da boa música. Segunda-feira, 13 de
fevereiro. O primeiro festival é inaugurado às 20h30.
O tempo nublado e quente irrita as pessoas vestidas de colarinho alto,
terno e colete de casimiras e lãs inglesas, modelos copiados
de Poiret nos ateliês da cidade, traindo as influências
chinesas da moda parisiense. Oswald de Andrade lê alguns poemas
com o papel tremendo nas mãos, pois desde que levantou o teatro
irrompe em vaias. A cada palavra que Oswald diz, a vaia volta. Ele
acaba depressa e dá lugar a Sergio Milliet. Ele lê em
francês alguns versos, acompanhado por guinchos, uivos e ganidos.
Há calmaria quando Yvonne Daumerie dança e Guiomar Novaes
toca piano. No intervalo, Mário de Andrade é apupado
e xingado ao falar sobre estética no saguão. A segunda
parte é dedicada à música. Três peças
de Villa-Lobos são executadas em meio a vaias. O autor, de casaca
e chinelo, desperta as iras do público. A violinista Paulina
d'Ambrósio chora no palco.
A execução de uma peça do compositor francês
em que a "Marcha Fúnebre" de Chopin era satirizada,
acabou por provocar desentendimentos entre os músicos integrantes
da semana. Um nota escrita por Guiomar Novaes, publicada no "O Estado
de S. Paulo", revela a discordância da pianista com relação
ao tom de deboche assumido pelo festival, bem como sua total desvinculação
com os propósitos do evento:
"Em virtude do caráter bastante exclusivista e intolerante que assumiu a primeira festa de arte moderna, realizada na noite de 13 do corrente, no Teatro Municipal, em relação às demais escolas de música das quais sou intérprete e admiradora, não posso deixar de declarar aqui meu desacordo com esse modo de pensar. Senti-me sinceramente contristada com a pública exibição de peças satíricas à música de Chopin."
1922. Casa com Octávio
Pinto
Desde 1909 que Octávio Pinto, colega de escola era seu admirador. Octávio mantinha guardado todos os recortes de jornais que notificavam o brilhante sucesso de Guiomar na Europa. Em 1915, Guiomar Novaes parte para os Estados Unidos. Voltando à saudosa pátria em julho de 1920, mesmo sendo inverno, foi passar alguns dias no litoral .Octávio informado, foi ao seu encontro, e aqueles dois corações apaixonados se encontraram nas areias da praia do mar. Precisando refletir e se concentrar para preparar uma nova programação, convidou algumas de suas irmãs para irem a Campos do Jordão. Octávio sabendo da viagem, aproveitou a oportunidade para declarar o seu amor, mas, desta vez preferiu as letras ao invés de palavras. Enviou-lhe uma carta de amor. Casou-se em 8 de dezembro de 1922. Esposa dedicada e verdadeira amante apaixonada, nunca se sentiu oprimida ou em condição de subalterna frente ao marido, mas com grande consideração e sabedoria, aceitou que Octávio fosse também o seu grande incentivador, seu empresário e conselheiro. Engenheiro civil, arquiteto e também compositor, foi o escolhido por Guiomar Novaes para ser seu companheiro, até que a morte os separasse. Após 28 anos de vida em comum , Otávio faleceu na madrugada de 30 de outubro de 1950, de problemas cardíacos.
1923. Nasce sua filha Anna Maria
Uma grande emoção para o casal foi o nascimento da tão esperada Anna Maria, em 22 de setembro de 1923, às 17h. Saudável e muito parecida com a mãe. Futuramente viria outra alegria do casal, o filho Luis Octávio.
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